aquário ornamental - por marina milos


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REPRODUÇÃO DE SALAMANDRAS


No começo de 1989 eu adquiri um casal de salamandras, que foram alojadas sozinhas em um aquaterrário. Eu não consegui identificar a espécie, mas acredito que sejam do gênero Cynops (veja a fêmea na foto ao lado). Basicamente, elas têm o dorso escuro (marrom ou preto), e o ventre sarapintado de vermelho brilhante, sendo o comprimento, incluindo a cauda, de aproximadamente 11 cm. O macho se distingue da fêmea por ter a cauda achatada lateralmente. Essa espécie vive basicamente dentro da água, saindo para a parte emersa poucas vezes. Elas costumam subir para a superfície para respirar, mas acredito que também respirem através da pele, pois quando a água do aquário está mais fria elas quase não vêem a superfície.

Fêmea de salamandra

O aquaterrário tinha 60x30x40 cm, sendo aproximadamente 40 % da superfície emersa, e o resto com água, sendo a profundidade de 18 cm. Eu usei plantas aquáticas naturais, principalmente do gênero Hygrophila, especialmente a H. polysperma. O único elemento de decoração que eu coloquei nesse aquário foi um tronco fossilizado relativamente grande, o que indica que a água do aquário tendia para ácida. A filtragem só usava um filtro biológico de placas sob o cascalho, movido por um compressor de ar ligado a uma pedra porosa. As trocas de água eram praticamente nulas, pois na época eu ainda não sabia de sua importância. A alimentação consistia principalmente de tubifex vivo, que as vezes era substituído por artêmias salinas vivas, ou um pedaço de carne de boi. Hoje sei que elas comem também ração pronta para tartarugas (devo confessar que dá bem menos trabalho ;-).

Macho de salamandra
Foto do macho

Foi no final de setembro de 1989 que eu encontrei os ovos das salamandras "embrulhados" nas folhas das H. polysperma. Infelizmente, por não ter percebido o que estava acontecendo, eu perdi o ritual de acasalamento desse ano, mas as salamandras foram boazinhas e repetiram o feito em 90 (mesma época) e 91 (início da postura em 21/06), para que eu pudesse assistir.

Esse ritual consiste basicamente de uma paquera prolongada, seguida pela transferência da bolsa espermática do macho para a fêmea, que a captura com a cloaca, e posteriormente, da postura. Por leituras posteriores sobre o assunto, eu acredito que os preparativos para a reprodução se iniciam com a chegada da primavera ou, mais propriamente, com o aquecimento da temperatura. Eu observei que fora da estação de reprodução as salamandras ficam aleatoriamente separadas ou juntas no aquário, enquanto que para a reprodução elas sempre caminham dentro da água juntas, sendo que é principalmente o macho quem persegue a fêmea. O auge do ritual ocorre quando finalmente o macho libera a bolsa espermática na água, para a fêmea capturar e fecundar os óvulos. Com os ovos fecundados a fêmea começa a se preparar para a postura; a postura de cada ovo leva um tempo prolongado, e eles vão sendo postos ao longo de vários dias. Quando a fêmea vai por um ovo, ela trepa no tronco de uma higrófila e, enquanto se segura com as patas anteriores, ela pressiona a cloaca contra uma folha, que é ao mesmo tempo segura pelas patas posteriores, de forma que a folha empacota parcialmente o ovo, que se adere a folha, formando um pacotinho.

Acompanhar o desenvolvimento dos ovos é incrível, pois o embrião fica envolto em uma camada de gelatina transparente, e é possível acompanhar a olho nú a embriogênese. Os ovos têm aproximadamente 3 mm de diâmetro, e levaram perto de 16 dias para eclodir. Após o final da postura, eu retirei os pais do aquário. Os filhotes nascem muito pequenos, e é difícil localizá-los parados no cascalho, pois eles eram de cor marrom pálido, quase bege.

larva de salamandra

Nessa fase os filhotes são larvas (foto ao lado, obtida na Internet), e respiram por brânquias externas. Foi difícil descobrir algo para eles comerem nos primeiros dias devido ao tamanho diminuto deles, e minúscula boca, e acredito que eles se alimentavam principalmente de infusórios da água, já que estavam crescendo mesmo sem serem alimentados (posteriormente eu fiz uma análise da água e achei muitas colônias de rotíferos). Assim que eles atingiram um tamanho suficiente, eu passei a alimentá-los com tubifex bem pequenos que eu separava com uma pinça. Com uns 3 meses eles atingiram aproximadamente 2 cm, e começaram a metamorfose. Após a perda das brânquias eles sairam da água e, diferentemente dos pais, passaram um bom tempo na parte emersa (2 ou 3 meses), antes de voltar para a água. Durante toda a fase emersa eu os alimentei com tubifex vivo.

Em leituras posteriores sobre crescimento e reprodução de salamandras eu descobri que a maior parte das espécies é de regiões temperadas do globo, e necessita de um inverno bem frio, quando elas hibernam, para desencadear o processo de reprodução. Além disso, a maioria dos autores cita como temperatura máxima para mantê-las 25 ° Celsius. Existem muitas espécies de salamandras e a postura varia bastante entre elas. A parte a necessidade da sazonalidade para a reprodução, a maioria das espécies se reproduz com certa facilidade em cativeiro. Elas também variam bastante por algumas espécies serem principalmente terrestres, enquanto que outras praticamente não saem da água.

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