O texto que segue é um resumo comentado de um artigo que saiu na revista Tropical Fish Hobbyst de Agosto de 2001. O artigo é "Flashing and Flukes" e o autor Terry Fairfield.
Muitas vezes eu ouvi comentários ou eu mesma tinha essa idéia em mente de que uma das doenças prováveis que causavam o fechamento de uma das brânquias em acará disco seria causada por fungos, o que não condiz com a verdade, já que os dois parasitas mais comuns causadores desse sintoma, o Gyrodactylus e o Dactylogyrus, são vermes parasitas, que ancoram no peixe, especialmente na região das brânquias. Talvez essa confusão se deva a uma tradução errada da palavra "flukes", que se refere a um tipo de verme parasita encontrado no fígado de ovelhas.
É um sintoma comum de muitas doenças causadas por organismos parasitas o peixe se "coçar", se roçar contra objetos do aquário, com a finalidade de se livrar dos parasitas externos. Esse sintoma é comumente observado nos casos de íctio, mas ocorre também em infestações pelos vermes Gyrodactylus e Dactylogyrus. No artigo citado, o autor aborda tratamentos contra esses vermes parasitas sem considerar nenhuma espécie de peixe em especial, mas como eu até hoje só observei ataques contra acarás disco, vou me ater apenas a essa espécie.
Dactylogyrus é um verme parasita que se reproduz de maneira ovípara (coloca ovos), e que ataca especificamente as guelras dos peixes. O parasita que eclode do ovo, na água, é ciliado, e nada a procura de um hospedeiro. Quando esse é encontrado, o verme se move até as guelras, se fixa a uma lamela, e começa a se alimentar. Leva apenas uma semana para que o parasita vire adulto e se reproduza. A causa da irritação do peixe é a fixação do parasita, que se ancora profundamente na carne do peixe, através de ganchos fixadores. Outros sintomas observados são a produção de excesso de muco na região das branquias, e o comportamento de cuspir a comida.
Gyrodactylus é um verme parasita ovovivíparo (os ovos são incubados internamente) que ataca a epiderme dos peixes.
Abaixo descrevo 2 dos tratamentos citados pelo autor do artigo, e depois remédios comerciais usados para combater essas doenças.
Banho de Formalina
É feito em um recipiente separado, cheio com água do próprio aquário de origem do peixe doente. São usadas de 5 a 10 gotas de
formalina para cada 4 litros de água, e o peixe deve ser deixado nesse banho por até 30 minutos. É extremamente recomendável
deixar aerando o recipiente com uma pedra porosa ligada a compressor de ar durante o tratamento. Enquanto o peixe estiver no
banho de formalina, deve ser constantemente observado, e se apresentar sinais fortes de stress deve ser removido de volta para o
aquário. No caso de Dactylogyrus o tratamento deve ser repetido a cada 3 dias, durante um período total de 14 dias.
Banho de Sal de Cozinha
Prepare uma solução de 70 gramas de sal de cozinha para cada 3 litros de água do aquário, em recipiente não metálico. O peixe deve
ser pego do aquário e deixado nessa solução por 30 minutos. O peixe deve ser observado durante o banho e removido se mostrar sinais
fortes de stress. Cuidado, existem espécies de peixes, como cascudos e outros, que não suportam banhos de sal.
Como os parasitas aqui tratados têm uma fase parasita e outra aquática, é ideal, em conjunto com o tratamento, utilisar no aquário filtro de diatomáceas, ou outro meio próprio, capaz de reter ou remover do aquário a fase "larval" (trocas de água, por exemplo), para que os peixes não sejam constantemente reinfestados. Na loja aonde eu trabalho (Vidaquática) eu costumo montar 3 aquários com a mesma água, e deixar funcionando; a cada 3 dias, o que coincide aproximadamente com o ciclo de reprodução dos parasitas, eu troco os peixes de aquário, dando um banho de sal de cozinha na mudança, até "limpar" completamente os peixes dos parasitas.
Agora falando de minha experiência, a medicação própria para peixes que eu tenho usado bastante atualmente é o CLOUT, que é um medicamento relativamente novo no mercado, e que tem se mostrado muito eficaz contra doenças comuns em acará disco, e parasitas externos de kyngyos.